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Nos Caminhos da Cultura tem o intuito de levar o leitor nesta viagem ao lúdico imaginário das manifestações culturais do Brasil, trazendo um novo olhar sobre as manifestações culturais, com uma linguagem menos acadêmica e mais humana, uma espesse de diário de bordo da cultura.


sábado, 30 de junho de 2012

Festival Folclórico de Parintins






O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular realizada anualmente no último fim de semana do mês de Junho na cidade de Parintins, Amazonas. O festival é uma apresentação a céu aberto, onde competem duas associações, o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul. A apresentação ocorre no Bumbódromo (Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes), um tipo de estádio com o formato de uma cabeça de boi estilizada, com capacidade para 35 mil espectadores. Durante as três noites de apresentação, os dois bois exploram as temáticas regionais como lendas, rituais indígenas e costumes dos ribeirinhos através de alegorias e encenações. O Festival de Parintins se tornou um dos maiores divulgadores da cultura local. O festival é realizado desde 1965 e já teve vários locais de disputa como a quadra da catedral de Nossa Senhora do Carmo, a quadra da extinta CCE e o estádio Tupy Cantanhede. Até que em 1987, o governador Amazonino foi assistir o festival, no mesmo local onde é o Bumbódromo, mas era um tablado. Ele gostou tanto da festa que prometeu construir um local do tamanho que o festival merecia e, no ano seguinte, em 1988, inaugurava o Bumbódromo. Até 2005 era realizado sempre nos dias 28, 29 e 30 de junho. Uma lei municipal mudou a data para o último fim de semana desse mesmo mês.

O Boi Garantido

Foto: Leandro Oliveira -2012.
Boi garantido & Lindolfo Monteverde.

No final do século XIX e início do século XX, a Amazônia recebeu um grande fluxo migratório de nordestinos devido às constantes secas nesta região. Os imigrantes também eram atraídos devido ao apogeu do ciclo da borracha. Dentre esses, um grande número de Maranhenses chegou à região trazendo o costume das brincadeiras de Boi, (No Maranhão conhecidos como Bumba-Meu-Boi. Ressaltando que foi neste estado que se originaram as brincadeiras desse ritmo). Um de seus descendentes, Lindolfo Monteverde, nasceu em Parintins em 1902 e cresceu admirando os folguedos que havia na cidade. Em 1913 Monteverde aos 11 anos de idade, decidiu criar seu próprio Boizinho de Curuatá com o qual brincava com crianças de sua idade - um chamado boi-mirim, que até hoje é muito comum no Norte e Nordeste do Brasil, Em 1920, devido a uma grave doença, fez uma promessa a São João Batista: se ficasse curado, iria realizar anualmente uma ladainha e uma festa de Boi em sua homenagem. Lindolfo foi atendido em seu pedido e cumpriu sua promessa. Contam os mais antigos que a apresentação começou com a ladainha e depois houve distribuição de Aluá, bolo de macaxeira, tacacá e, no final, muito forró. Lindolfo ainda batizou seu filho mais velho de João Batista Monteverde, em homenagem ao Santo Querido. A partir de então, todos os anos os torcedores do Boi se reúnem na noite de 24 de junho para rezar a ladainha e festejar São João Batista e, em seguida, saem pelas ruas da cidade, dançando em frente às casas que tiverem fogueiras acesas. Contam que Lindolfo Monteverde era um cantador e repentista que causava admiração em quem o ouvia cantar, por causa do timbre de voz que dominava os terreiros e era ouvido à distância, sem utilizar nenhum tipo de aparelho sonoro mecânico. Lindolfo também incomodava os torcedores do Caprichoso com sua firmeza de voz e a inteligência dos desafios que criava junto com seus outros colegas compositores.
Localização




O Garantido surgiu na antiga estrada Terra Santa, hoje Av. Lindolfo Monteverde, na tradicional Baixa do São José. Atualmente, um complexo arquitetônico da antiga Fabriljuta, localizado no km 1 da Rodovia Odovaldo Novo, adquirido pela agremiação, abriga toda a estrutura de galpões, a diretoria e demais coordenadorias que fazem parte da administração do boi que, hoje, é a brincadeira mais séria dos habitantes de Parintins, a Ilha do Boi-bumbá.
Símbolo
Desde a sua criação, o Garantido se apresenta com um coração na testa, e suas cores, vermelha e branca, foram adotadas pela torcida. A cor do coração na testa do boi costumava ser preta até meados dos anos 60, quando Dona Maria Ângela Faria, até hoje conhecida como madrinha do Boi, deu a idéia deste ser pintado de vermelho. Idéia que foi prontamente executada pelo artista Jair Mendes.
O primeiro rival

As pessoas mais antigas do Boi Garantido afirmam que o primeiro grande rival foi o Boi Galante. Lindolfo compôs essa toada de desafio:
Boi Garantido ouviu
Estavam falando em Deus
Escutou na terra e olhou pra adiante
Olha Boi Galante o teu Deus sou eu
Há versões de vários historiadores que afirmam que o Caprichoso surgiu de uma dissensão do Boi Galante, por volta de 1925 ou 1929, mas essas teorias são equivocadas, pois "Touro Galante" é apenas um apelido do Caprichoso, não tendo nada a ver com o boi citado, até porque, se fosse uma dissensão, havia ocorrido por que o Caprichoso quis se separar, e se separou, porque iria ficar homenageando o boi, que repito: quis se separar? Essa controvérsia desmente essas teorias.
Origem do nome
O nome Garantido surgiu do próprio criador, Lindolfo Monteverde, que em suas toadas sempre lembrava aos torcedores do Caprichoso que seu bumbá sempre saía inteiro dos confrontos de ruas que, na época, eram rotineiros. Dizia Lindolfo que, nas “brigas” com os "contrários", a cabeça de seu boi nunca quebrava ou ficava avariada, “isso era garantido”.
O primeiro festival
A brincadeira foi evoluindo e, em 1965, aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, mas não houve participação dos bumbás. A primeira disputa veio no segundo Festival, quando o Garantido enfrentou o Caprichoso. Em 44 festivais, o Garantido conquistou 28 títulos e é o único que chegou a ser pentacampeão da disputa, nos anos 80. O primeiro empate da história do evento aconteceu no ano de 2000.
Apelidos
Em sua história, lhe foram atribuídos vários slogans carinhosos, como: “Boi da Promessa”, “Boi do Coração”, “Brinquedo de São João”, “Boi do Povão” e outros. O mais popular é “Brinquedo de São João”, de autoria de Lindolfo Monteverde para homenagear o santo a quem se apegou para curar a doença que o ameaçava quando servia o exército. Os dirigentes preservam até os dias atuais este slogan como forma de reconhecimento a Lindolfo, o fundador do boi.
Campeonatos
O Boi Garantido é o que mais coleciona vitórias em toda a história do Festival Folclórico de Parintins. O único, inclusive, a ganhar cinco vezes consecutivas, sob a presidência de Zezinho Faria entre os anos de 1980 à 1984. Desde 1966, ano do primeiro Festival, até 2011, foram 46 Festivais, entre os quais, 28 vencidos pelo Boi do Povão (incluindo um empate no ano de 2000).
O Garantido também foi o primeio campeão na então nova arena do Bumbódromo, em 1988, vencendo também o "tira-teima" no ano seguinte.
  • Títulos: 28 vezes
(1966, 1967, 1968, 1970, 1971, 1973, 1975, 1978, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1986, 1988, 1989, 1991, 1993, 1997, 1999, 2000 (empate), 2001, 2002, 2004, 2005, 2006, 2009 e 2011).
O Título de 2009
Com apresentações cada vez mais modestas, o Boi Garantido entrou em uma crise financeira logo após o Festival de 2008. Credores ganhavam na justiça o direito sobre os bens da agremiação. Um sócio chegou a denunciar que o Garantido devia um total de 12 milhões de reais e que não passava de uma massa falida. O curral da baixa, símbolo do Boi Garantido, foi leiloado duas vezes para pagamento de dívidas. A agremiação conseguiu comprá-lo de volta.

Em maio de 2009 a enchente do Rio Amazonas chegou à Cidade Garantido, lugar onde são produzidas as Alegorias. Os artistas tiveram que retirá-las dos galpões e levá-las para a praça em frente ao bumbódromo, em um percurso de mais de três quilômetros. Muitas foram as chacotas por parte da torcida do boi Caprichoso. Nas ruas, nas rádios, nas festas e na internet, chamavam os torcedores do Garantido de "alagados, afogados, atolados etc". Para piorar mais ainda a situação, devido à má administração o Garantido deixou de receber vários recursos. Os artistas trabalhavam sem receber o seu devido salário. O Ministério Público do Trabalho embargou os trabalhos de alegoria em frente ao bumbódromo alegando que não havia condições de salubridade para o trabalho. Muitos acreditaram que, pela primeira vez, o Garantido não entraria na arena desde o início do Festival. Mas o Garantido entrou na arena na noite de 27 de junho de 2009. Sem curral, sem galpão, sem crédito na praça e sem dinheiro em caixa, mas com uma galera arrasadora e um time de itens individuais impecáveis, iniciou sua apresentação sob o comando de Israel Paulain. Apesar da proibição do Ministério Público do Trabalho, o Garantido tinha continuado a confecção de alegorias e quando a obra foi finalmnete lacrada, os trabalhos já estavam quase prontos. Como tudo foi feito ao ar-livre, as alegorias aumentaram de tamanho causando um grande impacto na arena. O acabamento foi simples, mas bem-feito. Para dar mais efeitos, o Garantido usou um guindaste que trazia itens como a coruja branca que vinha do céu no Ritual Deni. Entretanto no bloco Arstístico (Alegorias, Lendas, Ritual etc.) o Garantido ainda perdeu para o Caprichoso por uma pequena diferença. O Garantido ganhou igualmente por uma pequena diferença no bloco dos itens (pajé, cunhã-poranga, sinhazinha etc) - o pajé do Caprichoso quebrou a perna no meio do Festival.

O Título de 2011.
No ano de 2011 o Boi Garantido adotou como tema "Miscigenação", que também dá nome à toada mais executada nesse ano. Dessa vez o Boi Garantido primou pela organização de sua apresentação na arena, sem maiores contratempos. Destacaram-se em sua apresentação a alegoria do Jaguar na primeira noite que vinha com um coração batendo no peito, a performance do Levantador Sebastião Júnior que interpretou o boto na segunda noite dançando com uma cabocla e a coreografia da toada Matawi Kukenan executada pelas tribos de arena na segunda e terceira noites. A apuração foi bastante tensa com uma diferença mínima de um boi para outro até o final. Na primeira noite o Caprichoso venceu com 4 décimos de diferença. Na segunda e terceira noites o Garantido venceu por 3 décimos. Mais uma vez, o chamado bloco musical decidiu o festival em favor do Garantido (apresentador, levantador, batucada, amo do boi, toada letra e música, galera e organização do conjunto folclórico). Foram 4 décimos obtidos com as vitórias do apresentador e toada. Nos outros dois blocos o Caprichoso venceu por um décimo em cada um.
Toadas
Entre os principais compositores do Garantido, estão: o próprio Lindolfo Monteverde, Mestre Ambrósio, Vavazinho, Braulino Lima, Emerson Maia, Chico da Silva, Tadeu Garcia, Paulindo Du Sagrado, Inaldo Medeiros, Helen Veras Filho, Geandro Pantoja, Demétrius Haidos e mais recentemente Enéas Dias. Em 1991, Paulinho Faria, foi buscar o compositor do Caprichoso, Chico da Silva para fazer toadas também para o Garantido. Compôs a toada Boi do Carmo. A toada fazia uma homenagem à Padroeira de Parintins, Nossa Senhora do Carmo. Chico da Silva como era do Caprichoso também compôs nesse ano a toada Missionário da Luz, em homenagem ao curandeiro Waldir Viana. Naquele ano, o Garantido abriu a noite do primeiro dia do Festival com uma apresentação modesta. Durante a apresentação do Caprichoso, formou-se um tempo de chuva em Parintins, que transformou-se forte temporal, destruindo as alegorias do Caprichoso, que não teve tempo de se recuperar para os dois dias seguintes. O Boi Garantido foi sagrado campeão.

Em 1993, foi gravada a toada Tic-Tic-Tac, que se tornaria sucesso internacional em 1997 com o Grupo Carrapicho. A toada foi composta por Braulino Lima e fazia parte da temática do Garantido em 1993, "Rio Amazonas, este rio é minha vida". Uma curiosidade, é que a expressão "Tic-Tic-Tac" se refere ao som das caixinhas de guerra, que, junto com o tambor, são a essência do ritmo do boi-bumbá. Em 1996, um produtor francês ouviu a toada na versão do Grupo Carrapicho e decidiu lançá-la na França. O sucesso foi tão grande que a toada se tornou hit do verão europeu e rapidamente conquistou o Brasil.

Em 1996, o compositor Chico da Silva compôs a toada Vermelho. Durante a gravação do CD, Chico se desentendeu com a diretoria do Garantido e decidiu retirar sua toada da lista de seleção. Porém, antes mesmo de ser executada nas rádios, a toada já era conhecida por toda a população amazonense, sucesso decorrente apenas de sua execução nos ensaios. A diretoria entrou em acordo com Chico e a toada foi gravada no CD oficial. A música estourou no restante do Brasil após ter sido gravada pela cantora baiana Márcia Freire, em 1996. De acordo com a Folha de São Paulo, "Vermelho" foi a música mais executada nas rádios do Brasil naquele ano e a composição se tornou parte dos bens imateriais do patrimônio cultural do Estado do Amazonas. Na voz de Márcia Freire a toada amazonense extrapolou as fronteiras nacionais e virou a sensação do Festival do Avante em Portugal. Fafá de Belém também regravou a canção no álbum intitulado "Pássaro sonhador" com grande sucesso.
Em (1997), o sambista Jorge Aragão, compôs para o Garantido a toada "Parintins Para o Mundo Ver" que acabou se tornando o tema do boi para aquele ano, sendo mais um grande sucesso daquele álbum que marcaria a vitória do vermelho e branco após três derrotas seguidas para o Caprichoso. O sucesso da toada foi tão grande junto a torcida que o próprio Jorge Aragão decidiu regravá-la em 1999 e mais tarde ainda seria incluída em no cd "Millenium" (2001) com as maiores composições do sambista. Após isso, ele voltaria a compor outras duas toadas para o Garantido, em (1998) com "Garantido Eu Sou" e em (2010) com "Paixão de Parintins".

Ao longo de toda a sua história muitas toadas se notabilizaram pelo enorme sucesso que alcançaram junto a galera vermelha e branca. Além de "Boi do Carmo" (1991), "Tic-Tic-Tac" (1993) e "Vermelho" (1996), a Toada Hit de 1998 "Tom Garantido" de Helen Veras Filho e Tadeu Garcia, pode-se destacar também "Minha Sina" (1999), Deusa Cunhã, considerada a eterna música de cunhã-poranga de autoria de Helen Veras Filho e "Coração de Batuqueiro" (2004) de Inaldo Medeiros e Marcos Lima, "Boi de Pano" (2001) de Tony Medeiros, "Tum Tum" (2007) de Helen Veras Filho, "Sou Garantido" (2009) de Murilo Pontes Maia, "Paixão de Coração" (2010) de Demétrius Haidos e Geandro Pantoja, "Torcedor Batuqueiro" (2010) de Enéas Dias e "Miscigenação" (2011) do próprio Enéas Dias e Arisson Mendonça, na lista de grandes sucessos e verdadeiros hinos de amor ao Garantido.
Temas
É a temática que o boi desenvolve ao longo de suas apresentações no Festival Folcórico de Parintins, a seguir os temas defendidos pelo Boi Garantido entre 1988 e 2013, na era pós-Bumbódromo.
1988 - Brinquedo de São João
1989 - O Eterno Campeão
1990 - Garantido, Amor Magia da Ilha
1991 - Uma Origem Cabocla
1992 - Folguedo de São João
1993 - Esse Rio é Minha Vida
1994 - Templo das Eternas Lendas
1995 - Uma Viagem à Amazônia
1996 - Lendas, Rituais e Sonhos
1997 - Parintins Para o Mundo Ver
1998 - 500 Anos do Passado Para Construir o Futuro
1999 - Mito, Cultura e Arte
2000 - Meu Brinquedo de São João
2001 - Amazônia Viva
2002 - O Boi da Amazônia
2003 - Amazônia Santuário Esmeralda
2004 - Amazônia, Coração Brasileiro
2005 - Festa da Natureza
2006 - Terra, A Grande Maloca
2007 - Guardiões da Amazônia
2008 - O Boi da Preservação
2009 - Emoção
2010 - Paixão
2011 - Miscigenação
2012 - Tradição
2013 - O Boi do Centenário
Toadas Inesquecíveis
Anunciei Boi na Cidade (Mestre Ambrósio) - 1966
Já Rufou meu Tambor (Emerson Maia) - 1982
O Pé da Roseira (Emerson Maia) - 1985
Mãe Catirina (Fred Góes) - 1988
Dança das Cores (Fred Góes) - 1988
Boi do Carmo (Chico da Silva) - 1991
Rio Amazonas (Emerson Maia) - 1993
Garantiando (Chico da Silva) - 1993
Tic, Tic, Tac (Braulino Lima) - 1993
Gavião Real (Chico da Silva) - 1994
Evolução (David Assayag e Tadeu Garcia) - 1995
Andirá (Sidney Rezende e Emerson Maia) - 1995
Saritó (Bené Siqueira e Kamanxú) - 1995
Compasso da Alegria (Paulinho Du Sagrado e Werner Maia) - 1995
A Contagem (Joel Gama) - 1996
Apocalipse Karajás (Mencius Melo) - 1996
Lamento de Raça (Emerson Maia) - 1996
Vermelho (Chico da Silva) - 1996
Garantido em Festa (Tadeu Garcia e Paulinho Du Sagrado) - 1997
Festa da Raça (Chico da Silva) - 1997
Terceira Evolução (Tadeu Garcia) - 1997
Flor de Tucumã (Emerson Maia) - 1997
Parintins Para o Mundo Ver (Jorge Aragão e Ana Paula Perrone) - 1997
Tom Garantido (Tadeu Garcia e Hellen Veras Filho) - 1998
Toada da Vaqueirada (Tony Medeiros, Inaldo Medeiros e Edval Machado) - 1998
Alma Rubra (Klinger Araújo, Otávio Guedes e Artêmio Guedes) - 1998 (Não Oficial)
Minha Sina (Inaldo Medeiros e Ismael Alfaia) - 1999
Pura Harmonia (Emerson Maia) - 1999
Naiá (Inaldo Medeiros e Liduína Mendes) - 1999
Sonho de Liberdade (Chico da Silva, Roseane Novo e Tadeu Garcia) - 1999
Eterno Campeão (Inaldo Medeiros e Johney Farias) - 2000
Romaria nas Águas (Cyro Cabral) - 2000
Um Beijo na Palma da Mão (Chico da Silva) - 2000
Louco Torcedor (Ana Paula Perrone, Ricardo Lyra e Marcelo Dourado) - 2001
Boi de Pano (Tony Medeiros e Inaldo Medeiros) - 2001
Nações Extintas (Sidney Rezende e João Melo) - 2001
Alma de Guerreiro (Tadeu Garcia) - 2002
Amazônia Santuário Esmeralda (Demétrios Haidos e Geandro Pantoja) - 2003
Coração de Batuqueiro (Inaldo Medeiros e Marcos Lima) - 2004
Coração de Torcedor (Cézar Moraes) - 2006
Dança do Fogo (Paulinho Du Sagrado) - 2006
Sou Garantido (Murilo Pontes Maia) - 2009
Paixão de Coração (Demétrios Haidos e Geandro Pantoja) - 2010
Torcedor Batuqueiro (Enéas Dias) - 2010
Miscigenação (Enéas Dias e Arisson Mendonça) - 2011
Geração Garantido (Emerson Faria Maia) - 2011
Matawi Kukenan (Rafael Marupiara e Ronaldo Júnior) - 2011

Festas Tradicionais

  • Alvorada do Boi

É uma festa que acontece na madrugada do dia primeiro de maio. Lindolfo criou esta festa para marcar o início dos ensaios do Boi. Na noite de 30 de abril, os foliões se reúnem no curral para cantar e dançar. Na madrugada, o Boi Garantido reúne-se à batucada em frente do curral e sai em passeata pelas ruas da cidade, passando tradicionalmente pela casa de dona Maria Ângela Faria, até chegar à Catedral de Parintins. A festa continua mesmo após o alvorecer, daí a origem do nome. Nos últimos anos o sucesso da Alvorada se tornou tão grande que já vêm sendo organizadas várias excursões de turistas para Parintins a fim de participarem da festa.
  • Santo Antônio
É outra passeata do Boi que acontece no dia 12 de junho, véspera de Santo Antônio. Repete um costume do Bumba-meu-Boi do Maranhão de festejar Santo Antônio na véspera, começando com uma ladainha. A reza da ladainha é feita no curral da Baixa do São José, na casa da família Monteverde. É posta uma mesa enfeitada com flores e velas com a imagem do Santo. Termina a ladainha, acontece outra passeata no mesmo estilo da Alvorada, com o Boi e a batucada à frente, e os foliões atrás. Nas casas que possuem fogueiras, o Boi pára e entrega uma rosa à dona da casa. De acordo com o historiador Sérgio Ivan Braga, nos dias 12 e 13 de junho, Lindolfo arrecadava dinheiro dos simpatizantes para a festa principal, que é a festa de São João Batista.
  • São João
É a festa de cumprimento da promessa. É semelhante à festa de Santo Antônio, porém ocorre no dia 24 de junho, o mesmo dia dedicado ao santo pela Igreja Católica. Também ocorre a ladainha no curral da Baixa do São José e a passeata até a Catedral, com o Boi parando em frente às casas com fogueiras. A mesa é enfeitada com quatro velas e rosas vermelhas e brancas. A imagem de São João Batista adulto é colocada no centro da mesa, com suas fitas vermelhas e verdes, e no fundo é colocado o quadro da Sagrada Família. Após a morte de Lindolfo, seu filho, João Batista Monteverde passou a ser o anfitrião da cerimônia.
Itens que concorrem no Festival
  • Apresentador
A ópera do Boi possui um apresentador oficial, que comanda todo o espetáculo. Paulinho Faria foi o primeiro apresentador do boi Garantido, aos 15 anos, ocupando este posto por 26 anos, foi vencedor do item em 24 festivais, além dos inúmeros títulos do Garantido que são atribuídos ao apresentador. O atual apresentador é Israel Paulain, que estreou em 2002. Israel é também um grande vencedor em seu item, tendo vencido seu arqui-rival ininterruptamente desde 2006. Naquele ano, o apresentador conduziu o espetáculo sem ler o roteiro, uma inovação que foi adotada pelos dois bois a partir de então.
  • Levantador de Toadas

O levantador de toadas é o cantor que interpreta a maior parte das toadas executadas durante a apresentação na arena. Também tem responsabilidade sobre outro item que conta pontos: Toada Letra e Música. Já foram levantadores de toadas do Boi Garantido Emerson Maia (1986-1991), Paulinho Faria (1991-1994), David Assayag (1995-2009) e Sebastião Júnior (2010-presente).
  • Batucada do Garantido
A batucada é o conjunto de ritmistas que toca durante as 2 horas e meia de apresentação. Dispõe de cerca de 400 ritmistas, os quais tocam os seguintes instrumentos: 200 surdos, 100 caixinhas de guerra, repiques, rocares, espantacão e palminhas. O grande comandante da Batucada é chamado no Garantido de Peara, que quer dizer "líder". Os batuqueiros da baixa são também chamados de Camisas Encarnadas. Os Pearas: já foi a dupla Clemilton Pinto (1998-2011) e Jonedson Ramos (2001-2008), e atualmente foram substituidos pela dupla Alessandro Cabral (2009-presente) e Jacinto Rebelo (2012-presente).
  • Amo do Boi

No auto do boi original, o Amo do Boi é o dono do Boi e da fazenda, é quem fica triste com a morte de seu Boi querido, manda prender Pai Francisco e Catirina - assassinos do boi - e chama o pajé para ressuscitá-lo. Em Parintins, o Amo do Boi tem a importante função de tirar versos, alguns de exaltação ao Boi e à torcida, outros que se referem à temática que o Boi apresenta naquele ano e outros que desafiam o rival. O primeiro "Amo" do Boi Garantido foi Lindolfo Monteverde, que tirava o seguinte verso: Se eu pegar o Caprichoso, esfolo igual jacaré, tiro toda carne fora e deixo a caveira em pé. Após a morte de Lindolfo, em 1979, seu filho, João Batista Monteverde, assumiu o posto. Em 1996, o Amo passou a ser Tony Medeiros que, por três ocasiões, foi substituído por Emerson Maia e Edílson Santana, porém continua no posto ininterruptamente desde 2003.
  • Sinhazinha da Fazenda

É a filha do dono da fazenda. Representa a cultura branca-européia no Boi. Geralmente vem com vestido rendado, sombrinha e leque. Além de dançar, costuma acariciar o Boi e dar-lhe sal. Este ano, Ana Luisa Faria, da tradicional família Faria do Garantido, estréia como a nova Sinhazinha da Fazenda do Boi Garantido.
  • Galera Vermelha e Branca

As chamadas "galeras" são as partes laterais do bumbódromo, onde ficam as arquibancadas gratuitas. Geralmente, no dia do Festival, os portões são abertos às 16 h e os torcedores ficam aguardando até o início das apresentações, às 20hs.
A "galera vermelha e branca" é composta predominantemente por torcedores de Parintins, Manaus e Santarém, além de apaixonados vindos de todas as partes do Brasil.
Durante a apresentação do Boi, a galera executa várias coreografias, exibe adereços manuais e canta intensamente as toadas de seu Boi. O grupo responsável por organizar a galera é o Comando Garantido, composto por integrantes de Manaus e de Parintins.
  • Lendas Amazônicas
É a dramatização de alguma lenda popular da Amazônia. Geralmente são utilizadas grandes alegorias, coreografia e uma toada específica para a encenação. Dentre as lendas encenadas, se destacam o Mapinguari (1997), Nhongoróm (2005), Maricá o Macaco Gigante (2001) e Anhangá (2008). Em 2007, durante a lenda Jacurutu, o artista Teco Mendes fez as árvores andarem na arena, efeito semelhante ao filme O Senhor dos Anéis, as Duas Torres.
  • Figuras Típicas Regionais
É uma dramatização de personagens reais da Amazônia, como juteiros, farinheiros, comerciantes do regatão, romeiros de procissões diversas, seringueiros etc. Em geral, este item é apresentado com uma alegoria e diversos figurantes, enquanto uma toada específica para o momento é executada. Um dos momentos marcantes foi a encenação da figura típica "Romaria das Águas", em 2000 na qual os fiéis de São Pedro fazem uma procissão em seus barcos. Outro momento inesquecível do Boi Garantido foi quando, em 2004, apresentou a Figura Típica Pescadoras de Doações, que falava sobre as crianças que ficam nas canoas esperando os passageiros dos barcos de linha jogar comida e roupa para os ribeirinhos no Estreito de Breves, no Pará.
  • Ritual Indígena
É uma dramatização de um ritual praticado em alguma tribo indígena da Amazônia. Em geral é o ponto alto do espetáculo e é apresentado no final. Grandes alegorias e feitos especiais são usados. Destacam-se os rituais Watiamã, Ritual da Tucandeira (2000), Apinaié, Homens Morcegos(2001), Xicrim, a Nação que veio do céu (2002), Deuses Canibais, Festa da moça nova (2005), Xamãs Ye'kuana (2005), Zuruahá, o Povo do Veneno (2007), Tanameá marubo(2008) e Ritual Dení(2009) onde apareceu uma coruja gigante na arena do Bumbodromo.
  • Porta Estandarte, Rainha do Folclore e Cunhã-Poranga
São três ítens femininos, cada uma com sua função. A Porta-Estandarte é responsável por trazer o estandarte com o tema do Boi. A Rainha do Folclore geralmente se apresenta durante o momento das figuras típicas regionais e representa a cultura popular cabocla. A Cunhã-poranga representa a beleza indígena; seu nome significa "mulher bonita".
  • Tribos
As tribos são grupos de dança que se apresentam fantasiados de índios, de maneira estilizada. Atualmente quase todas as tribos entram juntas na arena e fazem diversas coreografias ao mesmo tempo. O objetivo maior é o efeito visual provocado na arena pela difusão de cores. Há também uma tribo coreografada, que se destaca das demais por ter uma coreografia mais complexa.O Boi Garantido, a partir de 2011, convidou dançarinos da cidade de Juruti/PA para participar das tribos, já que esta cidade tem grupos com bastante experiência em coreografias indígenas, pois lá anualmente é realizado o Festribal.

Boi-Bumbá Garantido
Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido
Fundação
24 de junho de 1913
Cores
Vermelho e Branco
Símbolo
Coração
Bairro
São José
Presidente
Telo Pinto
Comissão de artes
Fred Góes, Chico Cardoso e Júnior de Souza
Apresentador
Israel Paulain
Levantador de toadas
Sebastião Júnior
Amo do Boi
Tony Medeiros
Pajé
André Nascimento
Cunhã-poranga
Tatiane Barros de Jesus
Sinhazinha da Fazenda
Ana Luisa Faria
Porta-Estandarte
Raissa Barros de Jesus
Rainha do Folclore
Patrícia de Góes

Boi Caprichoso

Foto: Leandro Oliveira - 2012.
O Boi-Bumbá Caprichoso tem sua história atrelada a uma família. A professora e folclorista parintinense Odinéia Andrade afirma que o bumbá foi fundado em 1913 pelos irmãos Raimundo Cid, Pedro Cid e Félix Cid. Os três teriam migrado do município de Crato, no Ceará, passando pelos estados do Maranhão e Pará, até chegarem à ilha, onde fizeram uma promessa a São João Batista para obterem prosperidade na novo município. Isso foi moti­vado pelas influências recebidas pelos Cid durante a trajetória até a ilha, quando puderam conhecer vários folguedos juninos por onde passaram. Duas manifestações folclóricas chamaram a atenção: o Bumba-Meu-Boi, maranhense, e a Ma­rujada paraense. Andrade (2006) afirma que o Boi Caprichoso assimilou elementos desses dois folguedos, uma vez que o bumbá adotou como cores oficiais o azul e o branco, usadas nos trajes dos marujos, e denominou seu grupo de batuqueiros, responsáveis pelo ritmo na apresentação do boi de Marujada de Guerra. Há outra versão, supostamente verdadeira, de que o Caprichoso surgiu de uma dissensão do Boi Galante, por volta de 1925 ou 1928, tendo assim 80 anos de existência e não 95 como lhe é atribuído.

Símbolo

Caprichoso é o boi-bumbá que defende as cores Azul e Branco. Seu símbolo é a estrela azul, a qual ostenta em sua testa. É o Guardião da Floresta, do folclore parintinense, do imaginário caboclo e do lendário dos povos indígenas. O nome, Caprichoso, teria um significado intrínseco a ele, isto é, pessoas cheias de capricho, trabalho e honestidade. O sufixo “oso”, significando provido ou cheio de glória. Quando somados, “capricho” mais “oso”, poder-se-ia dizer que é extravagante e primoroso em sua arte. Para compreender o surgimento do Caprichoso e do folclore de Parintins, ler a obra "A verdadeira História do festival de Parintins" de Raimundinho Dutra, versador tradicional deste bumbá, oriundo de uma família tradicional do boi azul. O local de realização dos festejos particulares, chamado de curral, é chamado de Curral Zeca Xibelão, uma homenagem ao primeiro tuxaua do boi - bumbá Caprichoso, falecido em 1988, que se localiza na parte considerada como Azul da cidade. Quem separa os lados de cada bumbá é a Catedral de Nossa Senhora do Carmo.

Vitórias do Boi Caprichoso

1969, 1972, 1974, 1976, 1977, 1979, 1985, 1987, 1990, 1992, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000 (empate), 2003, 2007, 2008 e 2010, ou seja, conta com 19 títulos, 9 a menos do que o rival, Garantido.

Anos 90, a década mágica

As toadas

Até o final dos anos 80 as toadas eram músicas cujas letras exaltavam o boi e demais personagens como Pai Francisco, a Sinhazinha, dentre outros, além de exaltarem a cultura cabocla parintinense.
No início dos anos 90, a temática indígena que foi introduzida com sucesso no Boi Bumbá de Parintins,ganhou mais força, principalmente com o advento dos rituais indígenas, que se tornaram o ponto alto do Festival.O Boi Caprichoso foi o que melhor utilizou a temática, alcançando grande destaque graças ao sucesso que crítica e público concederam a toadas indígenas como Fibras de Arumã, Unankiê, e Kananciuê.
Com o sucesso de tais toadas, O público da capital, Manaus, que gostava timidamente do ritmo, passou a abraçar a toada e a adotou como símbolo da cultura amazonense.
No ano seguinte, o grupo Canto da Mata, composto por Maílzon Mendes, Alceo Ancelmo e Neil Armstrong, iniciou um outro estilo de toada que também tomaria conta do grande público de Manaus e de Parintins, a Toada Comercial. Em 1995, com o uso dos teclados - que tinham sido usados pela primeira vez de maneira tímida em 1994 - o grupo compôs a toada Canto da Mata, que foi um grande sucesso nas rádios e ajudou o Boi Caprichoso a vencer o Festival. Em 1997, compuseram uma toada que se tornou fenômeno no Amazonas: Ritmo Quente, grande sucesso nos ensaios do boi e também em eventos turísticos da Capital Manaus, como o Boi Manaus e o Carnaboi, até os dias de hoje.

A galera

Em 1988, ano de inauguração do Bumbódromo oficial de Concreto Armado e Alvenaria. Antes, o local era todo feito de madeira -, o jovem Arlindo Júnior assumiu o posto de Levantador de Toadas, em 1989, iniciando um trabalho de evolução da galera. Durante os primeiros anos da década, Arlindo fez a galera executar diversas coreografias novas com as mãos. A partir de 1996, iniciaram os chamados Medleys, mistura de vários arranjos durante os quais a galera executava coreografias com os braços que causavam grande impacto na arena. No ano de 2010, o levantador de toadas David Assayag (ex-Contrário), que sempre teve raíz azul e branca - pois iniciou no Caprichoso (1991) e só em 1995 foi para o contrário - volta ao Boi Caprichoso como Levantador Oficial de Toadas.

Os rituais

Em 1994 o Boi Bumbá Caprichoso, deu um espetáculo inesquecível com belíssimas alegorias, tudo culminando num momento mágico: o ritual indígena. Naquele ano foram encenados os rituais Unankiê, Fibras de Arumã e Urequeí.
Em 1995 foram outros três grandes rituais: Lagarta de Fogo, Templo de Monan e o inesquecível ritual Kananciuê, que mostrava um Urubú-Rei lutando com o pajé, Valdir Santana. Durante esse ritual, a Marujada parou e pela primeira vez houve texto em uma apresentação de ritual: o pajé perguntava "onde está a luz" e o urubu-rei respondia "eu não sei". No momento em que o urubu foi derrotado, um espetáculo pirotécnico saiu de dentro da alegoria representando a libertação da luz, para delírio e êxtase da galera.

 Os campeonatos

A década de 90 representou um dos melhores momentos da história do Boi Caprichoso. De 1990 a 1999, ganhou seis dos dez festivais disputados - perdeu em 1991, 1993, 1997 e 1999. Em 1991, foi muito prejudicado pela chuva. Em 1993, segundo os seus seguidores, foi injustiçado. E em 1997, considerando a soma dos pontos dados pelos jurados à apresentação na arena, o Caprichoso teria sagrado-se novamente campeão. A derrota porém, adveio de uma penalidade imposta pelos jurados ao apresentador Gil Gonçalves, o que, se não tivesse acontecido, teria dado ao boi o pentacampeonato em 1998.


Boi-Bumbá Caprichoso
Associação Folclórica Boi-Bumbá Caprichoso

Fundação
20 de outubro de 1913 (98 anos)
Cores
Azul e Branco
Símbolo
Estrela
Bairro
Palmares
Presidente
Marcia Baranda
Comissão de artes

Apresentador
Júnior Paulain
Levantador de toadas
David Assayag
Amo do Boi
Edilson Santana
Pajé
Waldir Santana
Cunhã-poranga
Maria Azedo
Sinhazinha da Fazenda
Tainá Valente
Porta-Estandarte
Karine Medeiros
Rainha do Folclore
Brena Dianná Modesto Barbosa

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Grupo de Bacamarteiro


Tradicionalmente é uma dança masculina, embora hoje em dia possa se ver a participação de mulheres e crianças. Os Bacamarteiros também buscou uma linguagem própria para a elaboração das roupas, usando elementos naturais como sementes e palha, foram feitos os chapéus, e as sandálias. As musicas são puxadas pelo "comandante" que ''tira'' versos de improviso, que são respondido ao som de tiros de bacamartes, este folguedo genuinamente Brasileiro, surgiu como uma forma de comemorar o retorno dos soldados que lutaram na Guerra do Paraguai 1864, usado para saudar o retorno do exercito. Os atiradores de bacamarte estão sob a direção de um comandante. Durante as apresentações, eles disparam suas armas, munidas de pólvora seca. Mas é em ritmo de forró que começa a apresentação. Cantando e dançando, os Bacamarteiros se preparam para as "batalhas"

Grupo de Guerreira


O Guerreiro é formado por mulheres que dançam em dois cordões, puxados pelas embaixadoras, trajadas com meiões, saias, capas, capacetes e espadas. No meio dos cordões, dançam a Guia, a Rainha e a Princesa ritmos com valsas, marchas e baiões acompanhados de rabeca, sanfona, zabumba, caixa e triangulo. Participam também do grupo os entremeios, personagens que durante a brincadeira são chamados através de uma música própria. Eles dançam e na maioria das vezes encenam interagindo comicamente com o público. Entre eles se destacam: a Mamãe Velha, o Guriabá, o Velho Anastácio o Bacurau e a Carolina.


Mestra Maria Margarida da Conceição, mestra Margarida, é alagoana. Foi morar em Juazeiro do Norte com sua família aos oito anos, tendo nesta época, coincidentemente, contato com um grupo de Guerreiro alagoano do mestre Amaro. Sua madrinha Ágada também era mestra de reisado. Essa vivência junto às recordações de outras manifestações da sua terra como Baianado, pastoril, caboclinho e chegança, formaram sua incrível memória musical. Aos 18 anos Margarida já era mestra de um Guerreiro e sempre fez questão de ter mulheres em seu grupo. Margá, como também é conhecida, logo cativou as moças da comunidade que  demostraram interesse em participar do Guerreiro. Margarida teve, então, novamente seu grupo formado. Margarida esteve à frente deste grupo por três anos. já  participou do programa "Expedições" da Jornalista Paula Saldanha, na TV Cultura. Margarida atualmente é mestra de um outro grupo.

O Reisado

È uma dança popular profano-religiosa, de origem portuguesa, com que se festeja a véspera e o Dia de Reis. No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, um grupo formado por músicos, cantores e dançarinos vão de porta em porta anunciando em comemoração ao nascimento de Jesus e em honra ao Reis Magos, estendendo-se até fevereiro, para a prática ritual do enterro do boi. ou divino e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam e dançam. Reisado também é muito conhecido como Folia de Reis, e cavalo marinho, sofrendo algumas alterações conforma o lugar onde é apresentado. O Reisado é de origem portuguesa e instalou-se em Sergipe no período colonial. Atualmente, é dançado em qualquer época do ano. O Reisado se compõe de várias partes e tem diversos personagens como o rei, o mestre, contramestre, figuras e moleques. Os instrumentos que acompanham o grupo são violão, sanfona, ganzá, zabumba, triânguloe pandeiro. Durante a brincadeira, pessoas de destaque são envolvidas no diálogo, aliais sátira, humor e picardia são elementos próprios do Reisado. A figura do "Boi Janeiro" surge no meio da brincadeira, provocando delírio na platéia pois, que ele entra na roda, consegue trazer consigo toda a magia, todo um movimento de fascínio e fantasia.

Entendido como quase uma figura sagrada, o Boi, na verdade faz parte da vida do nordestino, que o sacrifica sempre em nome da sobrevivência. O Reisado costuma iniciar sua função as 22 horas, indo a depender da resistência dos seus participantes até o outro dia. É dançado em barraco de palha, porta de bodega ou casa de alguém que convida o grupo.  Os cantos do Reisado obedecem a uma ordem alternada, de acordo com o animo da brincadeira. A cantoria começa, com o deslocamento do grupo para o local da função, cantando-se primeiro o "Bendito", em louvor a Deus, para que a brincadeira seja abençoada e autorizada. A partir dai, começam as "Jornadas", o enredo é formado por peças encadeadas ou não e com os mais diversos motivos, seja amor, de guerra, religião, história local ou de época. O "Caboclo" ou "Mateus" e a "Dona de Baile" são peças fundamentais da brincadeira.  "Partidário" é o nome que se dá a uma espécie de estandarte, com duas bandeirolas, em duas cores distintas representando os dois cordões enfileirados coreograficamente. Durante a dança, a disputa entre os cordões e a beleza visual, musical e coreográfica dos dois fazem o espetáculo.